Grata ao Universo e a todos os que me deram a liberdade, apoio e confiança para ter o parto, como tanto sonhava e desejava!
Desde o momento que engravidei sabia que queria ter um parto natural – outra forma para mim não fazia sentido, sobretudo vendo que nossas antepassadas pariam de forma natural, que a humanidade chegou até nossos tempos dando à Luz por sua própria Força! Não era agora, em uma quantas dezenas de anos, que se iria irradicar algo tão natural da natureza humana e da própria vida. Com essa convicção, e ainda mais depois de falar com meus avós e eles me contarem que seus 4 filhos nasceram em casa, tomei a minha decisão: eu ia parir em casa!
Mas a minha decisão, públicamente assumida, criou alguma polémica, sobretudo depois de ter tido um descolamento da placenta e necessitar de repouso absoluto, no hospital. Mesmo assim, uma vez que já me sentia recuperada (e provavelmente por ter estado no hospital) a minha convicção manteve-se e ficou até mais forte.
Em Portugal não encontrei o apoio que procurava (na altura havia pouco tempo que as Doulas estavam por Portugal:) e foi durante um retiro de Vipassana que decidi regressar ao país de origem do meu companheiro – sabendo, sem saber como, que lá iria encontrar o que procurava. Tive de me despachar, pois já me acercava à semana 28, data limite para poder viajar de avião, segundo as companhias aéreas.
Assim bem redonda cheguei ao Peru, confiante de que ia encontrar alguém. Mas não encontrava a pessoa e o lugar adequados, as semanas iam passando e a ansiedade ia aumentando. Por fim cheguei a casa de Leonie, quando a conheci sabia que era ali e era que era ela que me ia guiar pelo desconhecido, junto com o meu companheiro, mãe e alguns amigos… assim eu o tinha idealizado, como uma festa:)
Desde o primeiro momento toda a sua presença transmitiu-me confiança e ainda mais feliz fiquei de saber a sua trajectória, sua experiência e suas convicções.
A Leonie foi super clara, ela iria estar presente – sim, mas o parto era meu e eu é que era quem teria de fazer o trabalho de parto. Ela estaria presente por se houvesse necessidade, mas que iria intervir o mínimo possível (que sorte!). Que havia sempre um plano A e um plano B e que eu tinha todo o direito de tentar o primeiro plano. Que apreciava a minha decisão consciente de ter um parto em casa, e que nós como casal tereriamos de assumir a responsabilidade perante essa decisão (lógico!).
Em retrospectiva o parto correu super bem, exactamente como tinha de ser, todo o processo hormonal de oxitocina, adrenalina, endorfinas… Tudo o que eu senti, … o medo, a coragem, o transe, a dúvida, o cansanço, o desespero, a vida e a morte, a escolha, a determinação, o acreditar, a força, a força, a força… o poder, o alivio, o extasis, a luz, a alegria, a ternura, o cansaço e o Amor, Amor, Amor…
até agora:)
Realmente e como me disse a Leonie, o parto é um portal e as mulheres que passam por ele transformam-se e adquirem um Poder extraordinário que ninguém lhes pode tirar.
Estou eternamente grata a minhas filhas, minha mãe, minha avó e todas minhas antepassadas por me mostrarem que sim se pode.
Grata também ao meu companheiro e minha mãe que respeitaram minha escolha e que me apoiaram incondicionalmente nela.
Grata à parteira Leonie Lange por me dar a segurança e a confiança que necessitava; á Marlis Ferreyros (last-minute doula:) que apareceu como por magia para assegurar a minha presença consciente e apoiar a Leonie. Grata também a todas as outras pessoas que de uma ou outra forma nos apoiaram e contribuiram para a Vida.
Parabéns Ianna do meu coração!
Patrícia Lesage